tantos eus(tantos demónios e deuses




tantos eus(tantos demónios e deuses
cada um mais ávido que todos)um homem
(tão facilmente esconde em outro;
e ainda sendo todos, a nenhum escapa)

tão grande tumulto é o desejo mais simples:
tão impiedoso massacre a mais pura
esperança(tão profunda a mente da carne
e tão desperta que ao acordado chama
adormecido)

assim o mais solitário homem nunca está só
(a mais breve respiração vive em algum planeta,
a mais longa vida é o pulsar do coração de algum sol;
o seu menor movimento percorre a estrela mais jovem)

- como pode um idiota que chama a si mesmo "eu" 
presumir
que alcança o inumerável?




XAIPE, 11 (1950)
E. E. Cummings Complete Poems 1904 -1962
Edição de George J. Firmage, 1991.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa