agora o ar é ar e coisa é coisa: nenhuma benção




agora ar é ar e coisa é coisa: nenhuma benção

da terra celestial seduz os nossos espíritos, cujos
olhos milagrosamente desenganados

vivem a magnífica honestidade do espaço.

Montanhas são montanhas agora; céus são  agora céus -
e uma liberdade tão aguçante ergue o nosso sangue
como se o todo supremo esse completo sem dúvida

universo que nós(e só nós)fizemos

- sim; ou como se as nossas almas, despertas do
transe verde do verão, não se aventurassem em breve 
uma magia mais funda: aquele sono branco em que
toda a curiosidade humana dissiparíamos
(de bom grado, como devem os amantes)e imortal 

a coragem receberia o mais poderoso sonho
do tempo




95 Poems, 3 (1958)
E. E. Cummings Complete Poems 1904 -1962
Edição de George J. Firmage, 1991.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa