Jeová enterrado, Satanás morto

Jeová enterrado, Satanás morto,
os tementes adoram Muito e Rápido;
a maldade não é sentida como má
ela própria vê bondade no que é dócil;
obedecer diz toc, submeter diz tic,
A Eternidade é um Plano de Cinco Anos:
se Alegria com Dor ficar na posse do penhor
quem ousa chamar a si próprio homem?

vão como patifes sem sonhos por Sombras
alimentados,
o seu Harry é o Tom, o seu Tom é o Dick;
enquanto Engenhos assassinos gritam e somam,
o culto do Idêntico é todo ele chique;
por instrumentos, span e spic,
são justamente como Spic e Span medidos:
beijar o microfone e chamar porco ao Judeu
quem ousa chamar-se a si próprio homem?

alto pela Verdade têm os mentirosos clamado,
estalando os calcanhares pela Liberdade dos escravos;
onde os Seios são santos, os poetas loucos,
os marginais ilustres do Progresso guincham;
quando se proibem as Almas, os Corações adoecem,
Com o Coração doente, a Mente é impotente:
se o ódio é um jogo e o amor é uma foda
quem ousa chamar a si próprio homem?

Rei Cristo, este mundo inteiro foi vazado;
e não existe nenhum salvavidas:
as ondas em que apenas Ele caminha 
Quem ousa chamar a Si próprio homem.



No Thanks, 54 (1935 Manuscript)
E. E. Cummings Complete Poems 1904 -1962
Edição de George J. Firmage, 1991.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa